Parafraseando Leminski

 Parafraseando Leminski

Carrego-te assim, para sempre

Guardado em mim.

E com extremo carinho 

Te cuido, te sinto 

E mesmo à distância

Te acompanho, te percebo.

E nesse bem querer silencioso

Sem alardes,  sem urgência

Te desvendo os segredos

Que cuidadoso se esmera

Em disfarçar nas entrelinhas

Mas nos detalhes, sem medo

Sempre me revela.

Sei que me entende

Quando me afasto

Sei que me ouves 

Mesmo quando me calo.

Sei que me sentes 

sempre por perto.

Espero que intua, subentenda

Que o amor tem muitas faces

Ele muda de forma, de nome

Vira companheirismo, amizade

Quem ama nunca abandona

Mesmo longe não desiste 

De estar com quem se ama

E esse sentir de tão intenso

A tudo e todos contamina

Amor de verdade não acaba,

E também não vira raiva,

Antes disso, vira rima.

__ Poesia da Poesia

Amor é sempre amor

 Já fazia um tempo que não pensava em ti... 

Andei desatenta ao tempo, que passou tão rápido. Completamente despreocupada daquilo que não pude ter, esquecida do que não veio, alheia ao que não aconteceu.

Estive aérea e feliz todo esse tempo.

Um tempo de ausência e esquecimento, necessário para voltar a sentir a leveza dos dias que florescem em paz, fazendo brotar no coração a harmonia e uma genuína alegria. 

Um tempo em que percebi, ser possível me amar tanto ou mais, do que um dia pensei que amaria somente a ti.

Mas hoje quando eu te vi, descobri que o amor é sempre amor. Ele não acaba, nem a sua forma ou tamanho se modifica, mesmo quando não pensamos mais nele. 

Ele fica ali, intacto e imutável, imune ao nosso descaso.

Ele existe, mesmo quando a gente desiste dele. 

Poesia da Poesia

Ainda estou aqui

Ainda estou aqui, 

meus olhos não se perderam de ti. 

O que dizer diante de tamanha 

maestria com as palavras. 

Aprecio de longe, 

mas me reservo o direito 

de ser apenas uma expectadora. 

Sem os arroubos de amante, 

sem pretensão de ser musa. 

A inspiração voou pra longe, 

levando em suas asas todos os meus poemas.

   Nada restou neste meu exílio autoimposto 

além de um silêncio constrangedor 

como resposta.

A poesia e eu, 

não mais andamos de mãos dadas. 

Mas apreciaria imenso 

ter contigo qualquer dia desses, 

uma última prosa. 

Poesia da Poesia